O elefante pink de West Bromwich

 

The Public

West Bromwich é uma cidadezinha próxima a Birmingham – e só fui lá para conhecer o The Public, seu “elefante pink“. É um centro de arte contemporânea/digital, inagurado há pouco mais de um ano, e classificado como idiotice e monstruosidade.

Levei 15 minutos de tram – a única linha de Birmingham, até Wolverhampton -, com uma passagem que custou 3.40 pounds, ida e volta (meu vizinho no tram me disse que era caro). A “caixa de sapatos” fica próximo da estação, e curti muito o prédio. Antes, no lugar, havia uma estação de ônibus. Pô, um centro de artes não é muito melhor?

Por ser um espaço novo, não consegui deixar de pensar na Fundação Iberê Camargo – que alguns chamam de “elefante branco” -, mas as similaridades são mínimas: internamente, o passeio é feito por rampas e há as janelas de formas orgânicas. Mas não, não dá para comparar a vista, pois o que se consegue ver do The Public é só uma avenida e uns prédios comerciais.

Arquitetura controversa - eu gostei

Arte digital

Também não dá para comparar a arte. Adoro as telas do Iberê, enquanto que arte digital não é bem a minha praia… E não deve ser a dos moradores de West Bromwich também. As críticas são exageradas, mas dá para entender quando se considera o investimento de 63 milhões de pounds e o fato que o lugar está ameaçado de fechar… Achei as obras bacanas, mas  tudo meio repetitivo, e há uma área vazia no último piso (talvez para eventos de final de semana, talvez). Mesmo com entrada franca e em época de férias escolares, havia poucas pessoas no local – a maioria, no entanto, com crianças, ao menos.

Arte digital subindo pelas paredes

Self portrait project

Além do espaço vazio, o último piso tem uma parte interativa bem divertida e uma exposição de fotos antigas da cidade. Parece banal, mas olha isso que bacana: um dos painéis é sobre uma iniciativa feita na década de 80, autorretratos de moradores tirados na rua. Essa última parte pede que moradores que tenham fotos antigas possam colaborar – me pergunto se esses moradores ao menos já entraram no tão odiado prédio. Espero que o espaço não feche, mas que venha a ter algo a mais para o Black Country.

Turista local

Fazia tempo que não tirava uma tarde para aproveitar Porto Alegre, em dia de semana. Minhas últimas férias sempre tiveram algum destino distante, e eu embarcava antes mesmo de o período de férias se iniciar oficialmente – e voltava horas antes de retomar o trabalho.

A primeira ideia era o passeio da Linha Turismo, que até hoje não fiz – assim como o passeio de barco no Guaíba. Mas outros ‘interésses’ nos fizeram focar em dois pontos: Fundação Iberê Camargo e Mercado Público. Desta vez, com câmera – o que me faz sentir turista na minha própria cidade:

Fundação Iberê Camargo

Fundação Iberê Camargo

Persistência do Corpo

Uma das obras da exposição Iberê Camargo: Persistência do Corpo

Nova versão da Fonte Talavera

Nova versão da Fonte Talavera

Mercado Público

Mercado Público

Sorvete da Banca 40, no Mercado Público

Sorvete da Banca 40, no Mercado Público

Siza

Edição online do Guardian publicou, em 26 de janeiro, uma entrevista com o arquiteto português Álvaro Siza, que assina o prédio da Fundação Iberê Camargo – ele receberá uma distinção do Reino Unido mesmo sem nunca ter construído algo por lá. Na matéria, diz o repórter:

“Siza is, quite simply, one of the world’s finest architects – which is why he is coming to Britain next month to receive the 2009 Royal Gold Medal for Architecture, an award as highly regarded today as it was back in 1848″…

E não sabia que o pai dele era brasileiro! E se queria afastá-lo de qualquer influência que o levasse a construir algo, levou o guri pro ‘pior’ lado, rs…

“‘At first, I wanted to be an opera singer’, says Siza, a quietly spoken, warm and well-mannered man. ‘Then it had to be sculpture. My father was against this. He was an engineer, born in Brazil, who wanted his children to have proper jobs. When I was 14, he took us to Barcelona. I saw Gaudi’s Sagrada Familia for the first time and that was that’.”

E Porto Alegre aparece no finzinho da matéria:

… ‘My last experience of real pleasure was in Brazil – I was very happy making the Iberê Camargo museum.’

It shows. This just-completed museum, dedicated to the Brazilian painter Iberê Camargo and sited in the lakeside city of Porto Alegre, is a magnificent mixture of sensual curves and glorious swoops, of galleries that samba out of the main building and then samba back in again. It is an alluring architectural carnival – yet austerely dressed, realised throughout in a smooth concrete. For all this dancing, it could never be called ostentatious. Just special.

Fábio Del Re

Fundação Iberê Camargo - Foto: Fábio Del Re

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Não sei se os porto-alegrenses têm ideia do que significa termos um prédio do Siza aqui. Para mim, só caiu a ficha mesmo no dia da inauguração, 30 de maio de 2008, quando eu estava justamente… embarcando para Lisboa. Entrei no avião da TAP em Guarulhos e resolvi pegar um jornal – me chamou a atenção um que tinha no topo uma foto da Amy Winehouse, que se apresentaria no Rock in Rio Lisboa naquele final de semana. Com o restante da capa do jornal atrás de outros examplares do concorrente (com primeira página menos interessante), puxei o Público e me surpreendi com a foto principal. Sim, era o prédio da Fundação Iberê Camargo, com uma chamada tipo ‘a obra-prima de Siza em Porto Alegre’. E a imagem ainda havia sido feita pelo Carlos Edler, meu colega de ZH. Dentro, uma matéria de três páginas com o arquiteto.

Carreguei aquele exemplar por toda viagem – Barcelona, Andaluzia, Lisboa novamente. Em Porto Alegre, entreguei a capa ao Edler. Não peguei uma para mim por causa do peso – coisa que a mochileira eventual aqui precisa saber administrar. Mas tudo bem – aí, caiu a ficha do que é esse prédio para a cidade. Espero que a cidade se dê conta.

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E ainda tem o livro da Cosac Naify para entrar na lista.

Um mundo a perder de vista

Noite de São João, 1942

Noite de São João, 1942

Entre as exposições da Fundação Iberê Camargo, conferi no sábado passado a retrospectiva Um Mundo a Perder de Vista –  Guignard, com 43 obras entre pinturas e desenhos do artista brasileiro que mais retratou as paisagens de Minas.

Aprendi sobre Guignard no curso de História da Arte do Brasil que fiz no Margs, em 2004, com a Bianca Knaak. Para escrever esse post, procurei nas gavetas “diário de bordo” do curso, com exemplares do Jornal do Margs (já falecido), folders de exposições, textos e anotações – um recurso que a Bianca nos estimulou a ter e que amei preparar.

A história do Guignard, que foi mestre de Iberê, é comovente. Tinha lábio leporino – preste atenção no autorretrado que está na exposição -, perdeu o pai cedo e foi abandonado pela esposa pouco depois do casamento, em Munique(achei esse post interessante sobre ele). Nascido no interior do estado do Rio, morou em outros lugares da Europa com a família, mas, por sua obra, parece que nunca saiu daqui. São paisagens imaginárias do interior de Minas, mas autenticamente mineiras: morros cobertos de verdes e igrejas.

A retrospectiva no Iberê mostra além disso, e, por mostrar mais do que eu esperava, gostei. Como, por exemplo, as pinturas Os Noivos (1937), Família do Fuzileiro Naval (1938 ) e Via Sacra (1960), com sete peças em óleo sobre madeira. A exposição vai até março.

Familia do Fuzileiro Naval, 1938

Família do Fuzileiro Naval, 1938

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Leia mais sobre Guignard no excelente site Enciclopédia Itaú Cultural.

Lojas de museus

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V&A Shop

Adoro lojas de museus. Sinto vontade de comprar boa parte dos catálogos à venda, mas confesso que acabo ficando nas bugigangas – nem sempre baratas – e, claro, nos postcards, já que museus em geral proíbem fotografias das obras. Quanto mais diversificada, melhor. A loja do V&A, em Londres, é enlouquecedora (sim, esse é um dos motivos de ser um dos meus museus preferidos). Gostei até de luvas e de clutches. Pelo museu ter foco em design, as peças parecem mais elaboradas.

A compra mais diferente, no entanto, foi na loja da National Gallery: uma sombrinha com estampa do quadro Girassóis, do Van Gogh. Em uma das lojas da Tower of London, havia uma sombrinha negra com alguns strass no tecido, em referência às joias da coroa que estão expostas em um dos castelos. Joias inspiradas na realeaza também estão à venda.

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A Loja do Margs está fechada em janeiro para reformas.

Tomara que tenha novidades.  

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No final de semana, fui à Fundação Iberê Camargo. Antes de escrever um post sobre as exposições, aproveito para falar sobre a loja – já sabia que seria um espaço de perdição. Lá vi o catálogo da exposição Surreal Things: Surrealism and Desing, que vi em Londres, no V&A, mas pretendo comprar algum do Iberê mesmo. Como no site da Fundação não encontrei um link para a loja, posto as fotos das minhas aquisições – do setor de bugigangas. Dois estojos (R$ 12 cada) – um da Renata Rubim (o grená) e outro simples, com estampa do logo da fundação.

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Estojo para lápis

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Estampa com logo da fundação